24 janeiro 2008

Gazeta Mercantil

Estudo contradiz otimismo de Lula
Um estudo feito pelas empresas do setor elétrico do governo - Empresa de Pesquisa Energética (EPE) e Operador Nacional do Sistema (ONS) - indica riscos de racionamento de energia

Um estudo feito pelas empresas do setor elétrico do governo - Empresa de Pesquisa Energética (EPE) e Operador Nacional do Sistema (ONS) - indica riscos de racionamento de energia caso as chuvas sejam insuficientes e o crescimento do PIB passe a barreira dos 4,8% em 2008.O cenário considerado equilibrado pelas projeções dos técnicos seria o crescimento em torno de 4% do PIB, quadro no qual a "oferta atende o princípio de contratação da totalidade do mercado".

O estudo, entregue ao Conselho Nacional de Política Energética e às companhias estaduais de energia ano passado, informa que o risco de déficit maior é na região Nordeste e o menor na região Sul. Foi com base neste estudo que o instituto Acende Brasil, especializado no monitoramento de risco, concluiu que o tempo pode fechar no abastecimento, como aconteceu em 2001. "A despeito do otimismo, o governo tem tomado medidas indicadoras de uma situação crítica", ressaltou o presidente do instituto, Cláudio Sales, citando como exemplo, o desvio de gás para priorizar as elétricas defendido por Lula na posse do ministro Edison Lobão (PMDB-MA). A nova projeção sobre os riscos de desabastecimento será divulgada no dia 19 de fevereiro, quando o volume de chuvas de janeiro, que representa todo montante de chuva já conhecido.

Risco de Apagão
No pronunciamento relâmpago que fez na posse de Lobão, o presidente Lula - na contramão das previsões - exorcizou oito vezes o risco de apagão. Atribuiu o fantasma da escassez aos pessimistas e ao lobby para aumentar o preço da energia. "Estamos preparados, não apenas para crescer 5%, mas até um pouco mais, sem precisar faltar energia". Entre os ouvintes estava Maurício Tomasquim, que preside a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), criada na gestão petista para evitar novos racionamentos.

O estudo da EPE e ONS é anterior ao período das chuvas, cujo volume, até aqui, está abaixo da média histórica. De acordo com os dados do ONS os reservatórios brasileiros continuam em níveis preocupantes. Ontem, os reservatórios do Sudeste e Centro Oeste estavam com 46% de sua capacidade (em janeiro de 2007 era de 79%).

Na região Sul a situação é menos crítica. Os reservatórios estavam em 67% nesta terça, pouco superior a janeiro do ano passado. Na região Norte a situação é complicada. Em janeiro de 2007 os reservatórios estavam perto de 50% de sua capacidade e agora estão em 29%. Mas, a situação preocupante é a do Nordeste. Os reservatórios estão com 27% - os mais baixos desde 2003- contra 70% de sua capacidade em janeiro de 2007.

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