24 janeiro 2008

AINDA OS CARTÕES

O Estado de S. Paulo

Senador quer obrigar Matilde a explicar gastos

Recordista nos gastos com o cartão corporativo do governo, a ministra da Igualdade Racial, Matilde Ribeiro, será convocada pelo Senado para explicar o porquê do uso de dinheiro público para custear despesas no ano passado de R$ 171,5 mil. Autor da convocação, o senador Heráclito Fortes (DEM-PI) quer que Matilde seja ouvida na Comissão de Fiscalização e Controle, a qual - segundo ele - compete adotar providências no caso de irregularidade no uso de recursos do Orçamento.

Os gastos da ministra com aluguéis de carros responderam pela fatia mais pesada da fatura: R$ 121,9 mil. Em 2006, suas despesas no cartão somaram R$ 55,5 mil. Ela recebeu o cartão em julho. As despesas de Matilde em 2007 foram quase sete vezes mais elevadas do que as do segundo colocado da lista, o secretário especial de Aqüicultura e Pesca, Altemir Gregolin, que gastou no ano passado R$ 22,6 mil.

Na justificativa, o senador alega que, apesar de o uso desses cartões se restringir a gastos emergenciais, a ministra o utilizou para pagar aluguel de carros, hospedagem em hotéis e resorts, padarias, bares e restaurantes de luxo, conforme mostrou reportagem do Estado no dia 13. A reportagem revelou ainda que o governo federal gastou R$ 75,6 milhões por intermédio dos cartões. Cerca de 75% desse gasto foi feito a partir de saques em dinheiro.

No caso da ministra, Heráclito cita ainda o emprego do cartão num free-shop, em outubro, no pagamento de compras no valor de R$ 461,16. Segundo ele, a alegação de que este mês ela teria devolvido este valor ao Tesouro não a exime da responsabilidade pelo "péssimo uso" do cartão.

O requerimento será lido em plenário, no retorno dos trabalhos da Casa, dia 6 de fevereiro, antes de ser votado na comissão. Como se trata de convocação, Matilde é obrigada a comparecer. A não ser que ela consiga mobilizar senadores da base aliada para derrubar o pedido.

A assessoria de Matilde informou que no ano passado houve necessidade de intensificar a relação com os novos governos estaduais e rediscutir políticas de promoção de igualdade racial. Por isso ela foi obrigada a viajar mais. Também diz que todas as suas despesas de viagem são feitas no cartão e que, por não ter estrutura nos Estados, como escritórios, os custos se elevam.

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