18 setembro 2007

Inversão de Valores

íntegra do texto publicado no jornal A Tribuna de ontem, dia 17:

Inversão de Valores

Na pauta do dia dos noticiários políticos, o chamado trem da alegria, (Projeto de Emenda Constitucional que transforma, numa canetada, em funcionários públicos efetivos todos aqueles contratados pelo regime da CLT e terceirizados, nas três esferas da administração pública) gera arrepios na população, mas não no Governo Federal.

Prova disto é a falta de empenho para barrar o tal projeto no Congresso Nacional. Jornais noticiam que o Governo resolveu não intervir na discussão, deixando para a sociedade civil pressionar pelos seus próprios meios (basicamente manifestações), e ao Congresso - sim, o Congresso - decidir.

Hoje, ninguém sabe, ao certo, quantos poderiam ser beneficiados pela medida (fala-se de algo entre 260 e 500 mil) e muito menos o tamanho do rombo nos cofres públicos, mas sabe-se que os maiores prejudicados seriam estados e municípios, além, é claro, do povo, que sempre paga a conta.

Mas a postura do governo nem sempre é essa. Na discussão da prorrogação da CPMF, por exemplo, o Governo Federal, Lula à frente, não pode nem ouvir falar em dividir a contribuição com estados e municípios. Que pacto federativo que nada, cada um com seus problemas.
Sem falar nas vezes em que o Governo, por meio da sua tropa de choque, interferiu em favor de seus interesses, e muitas vezes dos interesses pessoais de alguns, como no caso do mensalão, onde muitos foram absolvidos, mesmo aqueles pegos com a boca na botija (ou na boca do caixa). (Sem falar no renangate, que foi julgado depois do envio deste artigo)

Isso é o que podemos chamar de inversão de valores. Aos amigos, tudo; aos inimigos (os outros), a lei; ou nesses casos, emendas constitucionais.

Mauro Haddad Nieri
Advogado, Santos/SP
http://o-corneteiro.blogspot.com

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