A MÃE DO THALES

Vamos lá.
Antes de qualquer coisa, queria dizer que é lamentável tudo isso.
Não gostaria de estar no lugar dela, e espero, sinceramente, nunca estar. Mas vou comentar algumas declarações da mãe de Thales Ferri Schoedl, o promotor acusado de matar um rapaz e ferir outro, após uma discussão na Riviera de São Lourenço, Bertioga.
Porém, quando, logo no início da reportagem li que a mãe do promotor falou com a imprensa no escritório de advocacia responsável pela defesa dele, achei estranho e li com outros olhos a entrevista.
Agora sim, vamos lá (em vermelho minhas observações):

A sra. tem críticas a fazer contra o procurador geral de justiça de São Paulo, Rodrigo César Rebello Pinho?
Desde o princípio, o dr. Rodrigo Pinho tem a clara intenção de afastar o meu filho do Ministério Público. É uma perseguição implacável, que eu não consigo entender até agora o porquê. Será que é porque toda uma corporação, uma classe, uma instituição está em perigo única e exclusivamente por culpa do seu filho?!? Será q dar 12 tiros, matar uma pessoa e ferir outra não assusta o chefe?!?
Haveria um motivo político por trás disso?
Eu não consigo entender o motivo, tanto que a ida do dr. Rodrigo Pinho a Brasília (por ocasião de sessão que o CNMP tornou sem efeito decisão do MP paulista que vitaliciou Thales no cargo) nos causou muita estranheza. Oras bolas, ele é o chefe, tem que acompanhar o caso. Não ir é que seria muito estranho.
Por que a família de Thales só decidiu falar agora, depois de quase três anos do crime da Riviera?
Porque a Imprensa tem sido meio cruel com a nossa privacidade, principalmente nessa última semana. E nós nos sentimos realmente ameaçados com pichações, câmeras escondidas. Então, acho que passou do limite do que nós achávamos que podíamos suportar. Ou será que foi uma jogada sugerida pelos advogados, tipo, olha, aqui também tem uma família, tem gente sofrendo... não vamos ser tão duros com o menino...
Por que não o Thales para falar tudo isso?
Porque ele prefere esperar o término do julgamento e provar a legítima defesa, que está muito clara. Aí, ele ficaria mais confortável para se pronunciar, principalmente perante os pais do Diego (a vítima fatal). Seria medo?!?
A sra. e Thales confiam em um eventual julgamento popular? O clamor público poderia prejudicá-lo, caso ele seja submetido à júri?
Estão muito claras as provas da legítima defesa e o júri popular poderia concordar com elas. E se caso for condenado no júri popular, ele poderá recorrer ao Tribunal de Justiça. Não conheço os autos, então não falo nada.
Doze tiros (número de disparos efetuados por Thales) caracterizariam legítima defesa?
Constam nos autos (do processo) quantos tiros os rapazes levaram e quantos tiros de advertência o Thales deu. Thales foi perseguido. Quando houve o começo do incidente, na rua, e não em boate, pelo amor de Deus, meu filho andava com a namorada e os rapazes o provocaram, devido à sua estatura pequena. O rapaz que sobreviveu e que infelizmente está com uma bala alojada no fígado tinha 2 metros. O outro parece que tinha 1,98 metro, fora os amigos, todos basquetebolistas. O Thales falou que não queria confusão e continuou andando, mas eles foram atrás. Ele se identificou como promotor e acharam que era promotor de eventos, fazendo novas agressões verbais. Ele falou que estava armado, mostrou a arma e a guardou por duas vezes, segundo testemunhas. Correu e a 100 metros houve nova confusão. Aí ele deu tiros de advertência para o chão, tiros de advertência para o alto. No rapaz que faleceu (Diego Mendes Modanez) foi um tiro no antebraço, quando ele tentou tirar a arma (pistola calibre 380) do meu filho, achando que era de brinquedo, e outro, que foi o tiro infelizmente fatal. Eu poderia ter uns 2,20, se visse uma arma saia correndo. Não tenho peito de aço.
A sra. confirma que o Felipe Siqueira Cunha de Souza (a vítima sobrevivente) foi quem mexeu com a namorada do Thales?
O Thales passava na rua com a namorada e o Felipe começou a insultar.
Se os tiros fossem dados contra o seu filho, a sra. perdoaria o autor dos disparos?
Thales agiu segundo a lei e se esses rapazes também tivessem agido em legítima defesa, eu não teria o que contestar. Se o índio pataxó queimado em Brasília estivesse armado, ele poderia ter defendido a vida dele. Se a empregada espancada no Rio de Janeiro estivesse armada, ela poderia ter defendido a vida dela. A legítima defesa não é milimétrica. É exercida conforme aquilo que a pessoa tem no momento. Doze tiros?!? Será q ela aprendeu isso sozinha ou foi instruída pelos advogados?!?
A solução então seria andar armado?
Não. Mas o meu filho andava armado porque é um promotor de justiça e, depois de terminado um júri em Diadema, teve o carro cercado pela família do réu. Ele ficou com medo, fez um curso e tirou o porte de arma. E quando a pessoa tem porte, ela pode ir aonde quiser com a arma. Se ele deixasse a arma dentro do carro, poderiam roubá-lo e levá-la junto e a usariam. Se deixasse na minha casa, lá na Riviera de São Lourenço, que já foi invadida, poderia acontecer a mesma coisa. A arma não pode ser roubada, mas pode matar.
Independentemente do desfecho do processo criminal, a sra. acha que seu filho tem condições de voltar a trabalhar como promotor de justiça?
Isso nós só vamos saber se ele voltar a trabalhar. Eu não posso saber agora, ninguém pode saber. Ele responderá pelo crime e se for inocentado, volta a trabalhar. Se não tiver condições, ele se exonera. Mas acho que ele pode continuar a trabalhar, porque isso que está acontecendo até o fortalece. Quem senta no banco dos réus passa a ter uma outra visão de um júri, da promotoria, de tudo, porque isso amadurece muito. Como ele atuaria em um caso onde um réu alegasse legítima defesa?!? Sabe qual defesa todos os advogados iriam usar nos casos em que ele atuar?!? Legítima defesa, claro
A sra. afirmou que caso o seu filho perca o cargo e o foro privilegiado, deixando de ser processado perante o Tribunal de Justiça, não seria de todo ruim ele ser julgado na Comarca de Bertioga, porque os moradores daquela cidade estão cansados de saber que turistas do Interior só arrumam confusão. Essa declaração não é preconceituosa?
Não é preconceituosa, porque os jovens quando estão em grupos têm essa coisa de poder. Então, eles vão para outro lugar, não se entrosam muito com as pessoas do local e ocorrem aquelas provocações. Eu tenho casa na Riviera há muito tempo e as brigas lá acontecem muito. Tem aquela imagem de ilha da fantasia, que não tem perigo nenhum, mas tem confusões. Os jovens fazem mesmo isso, bebem... Uns bebem, uns fazem confusões, outros matam...
Mesmo que em legítima defesa.
O laudo psicológico do Thales, feito por ocasião do concurso para o Ministério Público, o aponta como imaturo e de baixa auto-estima. A sra. poderia comentar isso?
O caso do laudo ainda não foi muito bem esclarecido. É um laudo interno e não se sabe como vazou para a Imprensa. Em um programa de televisão, pinçaram umas palavras totalmente descontextualizadas e não leram o final, que considera Thales apto. Então, o laudo foi favorável. O Thales passou em 14º lugar em um concurso de 8.500 candidatos. Isso prova que, cada vez mais, aqueles que passam nos concursos não estão aptos ao trabalho. O cidadão passa a julgar, acusar, investigar e tudo o mais sem saber nada, absolutamente nada da vida. Bom, ele decorou os códigos para passar no concurso...
O que a sra. gostaria de dizer para os pais do Diego?
Eu diria que nós todos estamos sofrendo muito com tudo o que aconteceu. Ninguém está feliz e gostaria que ela perdoasse e tirasse essa mágoa do coração e acreditasse na justiça, e não em vingança. O tempo do olho por olho e dente por dente já passou. Existe justiça e instituições sérias nas quais a gente pode confiar. Infelizmente, nada trará o filho dela de volta, mas que ele possa estar em muita luz, bem como essa senhora. Desejo, sinceramente, que ela possa superar, que todos possam voltar, na medida do possível, a ter a vida normalizada. E eu, na minha crença, acho que a vida continua. Nós estamos aqui na Terra de passagem e vamos continuar em outro lugar. E eu acredito que ele esteja em um lugar bom e que ela possa estar lhe mandando muito amor, porque em nossas preces ele é sempre lembrado. Esse é o ponto mais assustador. Aqui é o ponto que me chamou mais a tenção. Eu li(jornais e internet), ouvi(rádio) e vi(TV) a mãe e o pai o rapaz morto e não lembro, de em nenhum momento, a família dizer que o promotor deveria ser morto. Não vi ninguém da família pedir pena de morte ou dizer que Thales deveria morrer pelo o que ele fez. ISSO SERIA OLHO POR OLHO. A família, pelo que me consta, quer um julgamento popular, no tribunal do júri e não ver o julgamento em Foro privilegiado. E para falar a verdade, quem quer um julgamento justo não é só a família. Toda a nação espera por isso, inclusive a própria família do Thales, que acredita e espera provar que ele agiu em legítima defesa.
E dizer que é impossível que a vida possa ser normalizar depois de perder um filho morto por tiros. Infelizmente ela, a mãe de Diego, nunca vai superar isso.

repito: não queria fazer esse tipo de comentário e nem estar na pele dessa senhora. a vida deles também deve ter desmoronado. mas seu filho continua indo em festas, comendo churrasco e fazendo academia.