20 setembro 2007

CPMF, bolsa família e a sujeira

O presidente Lula ganhou as eleições presidenciais de Geraldo Alckmin com ampla margem de votos, sobretudo nos grandes bolsões de miséria e pobreza do país. Não é segredo para ninguém, que a bolsa família, antiga bolsa escola – criada no governo FHC, foi a grande mola propulsora da candidatura do barbudinho.

Hoje, após dois anos, a tal bolsa volta aos discursos políticos, agora com o intuito de garantir a manutenção da CPMF – contribuição que deveria ser temporária e que come 0,38% de todas as movimentações financeiras do país, de pobres ou de ricos.

Sujeira.

Dia desses, Renan Calheiros disse textualmente: "O que não pode deixar de acontecer é a aprovação da CPMF porque senão você vai acabar com o Bolsa Família. Dos quase R$ 40 bilhões [arrecadados com a CPMF], R$ 11 bilhões são do Bolsa Família. Quem quiser acabar com a CPMF quer acabar com o Bolsa Família".

Não nos enganemos: a estratégia é a mesma. É ter um discuso bonitinho e paternalista sob as luzes dos holofotes - jogando para a torcida - e, nos bastidores, oferecer cargos e liberações de verbas, jogando o povão – que teoricamente não arca com as despesas de CPMF, pois não tem conta em banco – contra a classe média e partidos que defendem o fim do tributo. As chamadas elites conservadoras de direita.

E quer saber? Vai funcionar.

Vai funcionar porque não temos capacidade de conversar com a classe média e muito menos classes mais baixas. Não tivemos na última eleição e não teremos agora. Ficamos patinando na questão das privatizações e quando Lula falava que o PSDB/DEM iria acabar com a tal bolsa. Não conseguimos convencer uma mosca que a alta carga tributária é um mau não só para empresários, mas também para o pobre. Não conseguimos convencer ninguém que empreendedorismo é melhor do que esmola. Não tiramos da cabeça de um ser vivo que o Estado não deve ser paternalista. Fácil assim. Simples assim.

A estratégia está ai. Clara. Até o Renan, que até outro dia estava atolado num lamaçal ético, agora quer dar pinta de padrinho dos pobres (pai é o Lula e todo mundo já sabe disso) e defensor dos descamisados (hum... lembra alguma coisa, não?!?).

Os dados foram lançados: o jogo e a estratégia são sujos. Será que alguém vai perceber?

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